Crônica

Ombro a ombro

Por Maria Alice Estrella

Seja onde for e quando for, experimentamos o “ombro a ombro”, que nada mais é do que andar lado a lado com intimidade, identificados numa parceria confortável de familiaridade.

A gente pode esquecer de muitos que cruzam nossa caminhada, mas os que andam ombro a ombro conosco se tornam permanentes na memória.

A parceria pode esvair-se nas roldanas da engrenagem temporal e espacial, porque nem sempre nos é proporcionada a presença constante lado a lado, mas, se acontece num só período presencial, estende-se na companhia que foi forjada em nós nos risos e lágrimas que partilhamos juntos.

E o mais significativo nessa cumplicidade é que aquilo que nos junta no ombro a ombro deixa sinais invisíveis e nem por isso menos fortes ou mais frágeis. Andar ombro a ombro é para sempre com marca registrada.

E essa parceria não é fácil de acontecer. Leva algum tempo para germinar e dar frutos. Trabalho de semeadora em terra fértil. Pois que nos campos das almas o terreno é invisível e frágil, apesar de estar sempre aberto e exposto para dar e receber.

Só a perspicácia e a sensibilidade são capazes de irrigar de forma necessária as sementes da cumplicidade e intimidade.

E nas reações humanas tão difíceis e complicadas de administrar, encontrar o ponto oportuno de unir os ombros escapa à nossa vontade.
Uma vez que se alcança essa façanha, a razão, o entendimento e o sentimento justificam-se por si mesmos e nada mais precisa ser explicitado.

Palavras não precisam ser ditas porque o olhar fala. No entanto, os gestos são imprescindíveis para demonstrar que estamos lado a lado para o que der e vier, ombro a ombro.

Dois passam a ser um só. Partilha de interesses torna-se denominador comum de dois. Objetivos idênticos unem-se para serem alcançados, na medida do possível, mas sempre ombro a ombro.

Bonito isso! Andar ombro a ombro facilita a trajetória, ajuda a manter o rumo, suaviza as asperezas do cotidiano, fortalece o passo a passo.

E, principalmente, saber que não se está só nos alenta e nos alegra porque a alma sorri suavemente ao toque do ombro a ombro cúmplice e íntimo.

Recapitulo os ombros que se juntaram ao meu e constato que nenhum deles se perdeu ou me abandonou. Uma vez unidos, tornaram-se parte de mim e o que nos juntou em muitas vivências deixou seus sinais no meu olhar, nos meus gestos e nos pensamentos que sempre me acompanham.

Ombro a ombro é lado a lado. Sem mais nem menos. E nada além disso precisa ser explicado.

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